A Secretaria de Educação (Seduc) realizou, nesta terça-feira, mais uma live voltada a discutir o tema da Escola Sensível ao Trauma. Transmitido ao vivo pelo canal TV Seduc RS, no YouTube, o evento contou com a apresentação da professora Carolina Campos, fundadora e diretora do Vozes da Educação, além de consultora da Unesco na área de trauma e combate à violência nas escolas. O encontro faz parte da programação do Acolher e Educar, série de iniciativas da Seduc para orientar a rede estadual após os eventos meteorológicos de maio.

A partir de conceitos baseados na neurociência e na psicologia, Carolina Campos discutiu a questão do poder curativo dos relacionamentos no ambiente escolar. “Depois da família, a escola é o primeiro grupo social ao qual pertencemos ao longo da vida”, destacou a professora. Ela também ressaltou que o espaço escolar é fundamental para o desenvolvimento do ser humano, pois é o local onde regras de convivência são aprendidas e laços interpessoais são criados.

Durante o encontro, Carolina Campos detalhou termos relacionados à gestão das emoções que ajudam a refletir sobre dinâmicas na sala de aula, como a corregulação, que consiste na capacidade de acalmar estados de angústia. “Quando temos professores, sobretudo da educação infantil, que tratam os alunos de uma forma calma e tranquila, que entendem que primeiro o corpo dos estudantes precisa se expressar para, depois, impor os limites, eles estão ensinando a corregular,” afirmou.

Ao abordar o motivo que leva alguns alunos a ter tanto receio de aprender certos componentes curriculares, Carolina explicou que isso ocorre porque o cérebro desses estudantes acentua sentimentos de hipervigilância e insegurança, temendo o fracasso. “Isso não acontece quando a mente está calma e tranquila. O professor precisa dizer que está tudo bem errar, que aqui é o momento de aprender,” complementou.

Um clima escolar positivo, segundo Carolina, ajuda os estudantes a lidar com incertezas. Além disso, ela momentos de desregulação emocional dos alunos não devem ser personalizados pelos educadores, mas compreendidos como uma necessidade de diálogo e apoio.

A live debateu ainda três dimensões de relacionamentos que podem ser caracterizadas dentro do ambiente escolar: a conexão entre os pares; entre professores e alunos; e entre a escola e as famílias. Projetos colaborativos, diálogos sobre práticas discriminatórias e a criação de espaços para expressão das crianças e adolescentes foram algumas das estratégias sugeridas para fortalecer o pertencimento e a segurança entre os alunos.

Já na relação entre professores e alunos, os pontos em destaque envolveram a confiança e a comunicação eficaz, com escuta ativa, validação e apoio. Quanto à conexão entre família e escola, foi apontada a inclusão dos pais, mães e familiares em processos de planejamento e decisões, fortalecendo a comunicação e valorizando a união de esforços. “Quando todas as dimensões relacionais do ambiente escolar são atendidas, a escola é capaz de enxergar educadores, estudantes e familiares em sua integralidade”, concluiu Carolina.